Pensei que não iria voltar a escrever. Afinal este diário era
como aquela amiga a quem se conta tudo e no final ela abraça-te e diz que tu és
forte, mas essa amiga não existe na minha vida porque, ao que parece, as
amizades são momentâneas, algo que existe apenas para passarmos os nossos
tempos livres, porque mais tarde ou mais cedo eu repelo as pessoas que me são
mais próximas com medo que sejam elas a afastarem-me delas. E aqui estou, sozinha. Ou talvez nem esteja assim tão sozinha. Novas amigas, um quase
namorado, uma nova personalidade- uma personalidade que eu achava que era mesmo
minha, a minha personalidade sem todas aquelas cicatrizes de depressão e de
todas aquelas vezes que caí ao chão. Mas eu sou feita de falhas e cicatrizes.
Tanto lutei que achei que estava a ganhar, mas a depressão é
algo mais complicado que isso. A depressão começa por ser superficial, consome
os teus pensamentos diários, depois achas que estás a melhor porque a tua mente
começa a estar tão ocupada com tudo o que está á tua volta que nem tens lugar
para pensamentos próprios… e quando te vais abaixo, é que aparece as provas que
a depressão continua em ti, ela apodera-se de ti e vai aos extremos. Tanto
lutei que achei de estava a ganhar, mas esta batalha é demais para uma pessoa
só.
E agora… vejo-me sozinha de novo porque sei que tudo se vai
repetir. Ninguém me pode amar sabendo o que me vêm á cabeça. Ninguém irá
compreender. E eu adoro as minhas novas amigas especialmente porque se
aperceberam de uma parte de mim que nem eu sabia que existia, mas se elas descobriram
esse lado também irão descobri o meu lado depressivo e esta parte de mim é a minha
parte mais mortal, mais fraca. E atrevo-me até a dizer que amo o João mas ele
não vai amar as minhas cicatrizes… nem o meu passado que afinal continua
presente e faz parte de mim. A depressão faz parte de mim, os pensamentos suicidas
fazem parte de mim, as cicatrizes são permanentes e o pior é que não são vistas
com os olhos, mas sim sentidas quando algo toca na tua alma.
E se um dia, a depressão me levar ao extremo dos extremos?
Porque agora não convivo diariamente com os meus pensamentos suicidas, eu não sei
lidar com eles, o que me faz muito mais impulsiva. E se um dia me deixar levar
por um desses impulsos e ninguém estiver lá para me agarrar? Este jogo passou a
ser imprevisível e não existem regras nem testemunhos. Preciso de ajuda, não
consigo lutar sozinha.
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